Paciente transplantado já fica em pé com sustentação dos membros superiores
C om pouco mais de 20 dias de tratamento na CASA (Clínica de Atenção à Saúde), da Estácio FIB, o primeiro paciente com trauma raquimedular transplantado na Bahia já fica em pé com sustentação dos membros superiores. A cirurgia ocorreu no dia 14 de abril, no Hospital Espanhol, e no dia 18 de abril o paciente foi encaminhado para o tratamento fisioterapêutico na clínica-escola do Centro Universitário.
De acordo com a fisioterapeuta, pesquisadora e fundadora da CASA, Claudia Bahia, o tratamento realizado com o paciente, que está lesionado há nove anos, é feito através da cinesioterapia (trabalho manual) e não com eletroterapia (terapia feita com aparelhos). “Já existe atividade clara em tronco inferior e membros inferiores, que permite ao paciente executar movimentos antes nem imagináveis: exercícios de dissociação de cintura pélvica, ’posição de gato‘, sedestração em bola suíça (com suporte em tornozelo) e bicicleta horizontal, com auxílio de membros superiores.
(Veja: Paraplégico movimenta pernas após transplante pioneiro na Bahia)
Cláudia Bahia afirma que a evolução do paciente é um passo importante nas pesquisas. “Em apenas 23 dias já conseguimos obter resultados significativos”, diz. A fisioterapeuta esclarece que disciplina é fundamental, para que sejam alcançados os objetivos, que no primeiro dia de trabalho foram estabelecidos para o paciente. “Ele é um exemplo de que, com determinação, tudo é possível”. “O paciente diz que vai sair andando, com andador, mas andando. Mantém o sentimento real de que vai conseguir”, complementa.
A pesquisa – Os primeiros testes foram iniciados no ano de 2005 e, desde agosto de 2010, 20 pacientes paraplégicos voluntários participam do projeto que tem como objetivo a recuperação neurológica. A iniciativa faz parte de uma parceria entre o Ministério da Saúde, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Hospital Espanhol, Hospital São Rafael e o Centro Universitário Estácio FIB.
O primeiro procedimento é realizar a coleta das células no Centro de Biotecnologia e Terapia Celular (CBTC), do Hospital São Rafael. Com as células prontas para o
transplante (o que dura em torno de três a quatro semanas), o paciente é submetido à cirurgia e o passo seguinte é iniciar o tratamento de fisioterapia na clínica escola da Estácio FIB. São seis meses de tratamento na CASA, dois meses intensivos, e os outros quatro meses uma vez ao dia.
A participação do aluno – Durante todo o processo de tratamento na clínica, os alunos podem se inscrever e participar dessa iniciativa, supervisionados por professores – a coordenadora do curso de fisioterapia da Estácio FIB, Thaís Miranda, professora Nadja Maciel e pesquisadores.
Miranda afirma que a instituição possui uma clínica bem estruturada, o que é importante para que um paciente pós-cirurgia seja restabelecido. “No momento em que a Estácio assinou o convênio, abriu portas para que o aluno fizesse parte da história. Hoje, nossos estudantes já estão acompanhando o primeiro paciente após a cirurgia e, assim como todos nós, estão encantados com a reabilitação. É uma mudança de paradigma. Antigamente, não havia perspectiva para o paciente com trauma raquimedular, agora, apesar de ainda não sabermos o alcance real de toda a reabilitação, sabemos que o paciente melhora. E temos visto grandes progressos. Está sendo fantástico!”.
Segundo transplante acontece esta semana
Para realizar o transplante, as células-tronco são retiradas do osso do quadril do próprio paciente, separadas e enriquecidas em uma solução de hormônios, e vitaminas. Na incubadora, em condições especiais de temperatura e umidade, as células-tronco se multiplicam. Elas são mantidas por até um mês (em torno de quatro semanas). Esse processo oferece aos cientistas a quantidade de células-tronco que eles necessitam para a pesquisa.
O segundo paciente fez a coleta das células dia 29 de abril, no Centro de Biotecnologia e Terapia Celular (CBTC) do Hospital São Rafael, e sua cirurgia deve acontecer esta semana. Quatro dias após o transplante, o paciente pode iniciar o tratamento de fisioterapia na CASA (Clínica de Atenção à Saúde), da Estácio FIB.
“A terapia celular é uma realidade. É o primeiro caso nesse modelo no mundo. É inédito. A Bahia saiu na frente na historia e a expectativa é de crescimento, mas depende dos resultados”, afirma Claudia Bahia. A partir dos progressos dos pacientes transplantados, a equipe de pesquisadores pretende ampliar o atendimento para um grupo maior. “Todo Fisioterapeuta tem de ser cauteloso, mas otimista. Por isso já imagino que daqui a pouco poderei colocar o primeiro paciente na esteira”, complementa a pesquisadora. “Uma caminhada de mil léguas começa com o primeiro passo, então, estamos na estrada”, diz.
Ainda é possível ser voluntário
Para ser voluntário do projeto, o paciente paraplégico precisa seguir os seguintes
protocolos: a lesão não deve ter sido causada por arma de fogo, não pode ter mais de 5 cm de lesão medular, deve ter mais de seis meses e pode ter de 18 a 50 anos.
Segundo a pesquisadora, há muitas pessoas querendo ser voluntárias. Existem 20 voluntários cadastrados que realizarão o transplante e farão o tratamento fisioterapêutico na clinica-escola da Estácio FIB gratuitamente. “No momento, estamos trabalhando com pacientes paraplégicos, mas pretendemos evoluir e avaliar outros protocolos”.
Fonte:http://portal.estacio.br/(02/08/11)
Nenhum comentário:
Postar um comentário